sexta-feira, 3 de julho de 2009

“CORNINHOS” – UMA COISA MUITO EM VOGA

OLHA SÓ QUE PINTA


Fazer e meter os cornos aos outros é, nos dias de hoje, um gesto bastante normal e banal, uma mera liberdade como qualquer outra, ganha após a famosa data de Abril.
Não ligo patavina aos cornos que o Manel ofereceu ao deputado comunista e não concordo com os que dizem que esse gesto reflecte o estado da nação.
A nação nunca foi assim tão sincera.
Os deputados comunistas, bloquistas, sociais democratas ou populares, com cornos ou sem eles, os governantes socialistas, com cornos ou sem eles, são somente os responsáveis por transformarem Portugal no país que é agora: um país do terceiro-mundo, mas com televisão a cores, a Playboy e o Benfica.
O Manel já fazia parte do rol da história da política português. Desde que anunciou o fim da crise, ainda ela estava a dar-nos a primeira de várias chapadas, que o ministro da Economia fez por merecer mais que uma pequena nota de rodapé. Já merecia, vá lá, um quarto de página do 24 horas. Agora decidiu ser o protagonista do debate do Estado da Nação e, por isso, passa a merecer várias páginas, com fotografia e tudo.
Estava o debate quentinho à volta do raio das minas de Aljustrel e o bom do Manel resolve fazer belo de um par de cornos para as bancadas do BE e do PCP, num gesto perfeito, tecnicamente falando, de imensa qualidade e de uma beleza plástica de fazer inveja aos mais nobres e vastos artistas contemporâneos. O Povo chama-lhes “chifres”. Não são chifres não senhor, são cornos. E um valente par deles.
“Excedi-me”, disse o gajo mais tarde. Estragou tudo o animal. Um gesto daqueles, um hino às obras de arte. Raios partam o artista arrependido, o homem que agiu por impulso e, depois, se pediu desculpa. Tive pena. Aquele gesto teve espontaneidade fantástica. O pedido de desculpas foi estúpido.
Fazer aquele belo par de cornos no Parlamento não é para todos. É necessário humor, estatuto e sentido de Estado, bem misturado com arte de levantar os dois bracinhos, curva-los e esticar os dedinhos. Nem quero imaginar o que seria este debate sem aquele gesto. Seria por certo uma seca daquelas monumentais e os jornais e os Telejornais de hoje, apenas falavam das gripes das galinhas e a uma escala parecida, nas eleições do Benfica.
Quem não gostou foi o Pinto de Sousa. O capitão da equipa tentou o golo, anunciando um programa de requalificação e modernização dos centros de saúde e urgências hospitalares, orçado em 20 milhões de euros, e um reforço de 115 milhões de euros para a construção de novos equipamentos sociais. Um anúncio de milhões que ficou a valer zero, perante aquele momento fantástico.
Agora o Manel, demitiu-se ou foi demitido, o que para aqui não interessa nada. O que está em causa é quem vai agora anunciar o fim da crise? Quem vai tirar fotos com Michael Phelps ou anunciar coisas estranhas em empresas, que depressa serão desmentidas? O que vai ser da papa mayzena? Quem vai rasgar folhas na televisão e, por fim, quem vai fazer cornos no Parlamento? Depois do Michael “Black & White” Jackson, esta é uma perda irreparável.
Resta-nos desejar ao pintas, uma boa viagem para o seu “Allgarve” Desejo que arranque rapidamente para os seus jogos de golf.
Depois da triste despedida só faltava mesmo a ávida obsessão pelo protagonismo, dos gajos do BE e da CDU – Diziam bem alto para toda a gente ouvir - "Os cornos eram para nós" .
Ò Manel, afinal para quem foram o raio dos cornos? Para o PCP ou o Bloco de Esquerda? A disputa entre os dois partidos à esquerda do PS deu nas vistas.
Penso que o belo gesto que liquidou o Manel teve um simbolismo global. Assim ninguém se fica a rir.
Sinceramente, não tenho pena nenhuma do candeeiro Manelinho. Também não tenho nenhuma pena do vermelhusco Bernardino. Talvez merecesse o par de cornos que o “xuxa”lhe ofereceu.
Fica a questão para reflectirmos. “Quiçá se os nossos cidadãos e até mesmo os políticos, fizessem mais manguitos e chamassem os bois pelos nomes, o estado da nação não fosse aquele que é hoje?” – profundo também.
Já agora, gostava que não esquecessem que os cornos são como o Euromilhões. Quando menos contarmos, somos contemplados.

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