segunda-feira, 21 de março de 2011

O VERÃO E AS FESTAS DA VILA

Há muito que aprecio a diversidade das associações de ideias que cada um de nós faz em relação à mesma coisa. Em relação ao Verão, dizia-me um amigo meu alfacinha que a primeira coisa que lhe vem à cabeça é a Costa (praia da). Gente a perder de vista, o sovaco do vizinho dentro do nosso nariz, matilhas de criancinhas histéricas de baldes na mão a pingarem água e areia molhada para cima dos muito exemplares da Bola e 24 Horas, avôzinhos barrigudos a construir castelos de areia, Tuperwares a transbordar de arroz de ervilhas, Fiat Punto GTI V6 Kompressor de suspensão rebaixada estacionados em qualquer milímetro de espaço...

Enfim, uma imagem capaz de afastar qualquer vontade em querer pisar aquela areia antes do pino do Inverno, única altura em que não se vêem por lá estes espécimes da Baixa da Banheira e arredores.

Quis fazer o mesmo raciocínio e, quando me vi a imaginar o Verão na nossa montanha, o que me veio à mente foram as festas da vila. «Festas da vila», só o nome deixa-me cheio de arrepios na espinha. Os calafrios que sinto ao ouvir pronunciar estas palavras instalam-se e duram, duram.

Aqueles enfeites feitos de tábuas desalinhadas. As luzes feéricas, as colunas de ruído que ladeiam as Ruas, todo o dia com elevados decibéis, incapazes de emitir um único som. Uma musiquinha de bradar aos céus, um mix de Ágata com Kenny G. As barracas ridículas que instalam no meio do jardim. Os bares cheios dos habituais e outros que tais.

Pior mesmo, só as festas da vila em anos de eleições. Nessas alturas, os ocupantes do senado, ditos políticos, querem brilhar. Pensam que se nos encherem a vista com aquilo que denominam de «bom programa» arrebatam mais uns votos. De preferência um que custe muito dinheiro. Bom e barato já não existe, dizem orgulhosamente de café em café, com boletins de votos nos olhos.

Este ano, como não há eleições… pimba. Sobraram as orquestras espanholas, as marchas não sei das quantas, os morangos açucarados, as Floribelas, o Sérgio dos «Ídolos», Fingertips e por aí fora. Não sei quanto leva a Ágatha para cantar uma hora, nem os Fingertips para miar durante outro tanto, mas o Marco Paulo tem uma colecção de Porsches... Não foi certamente a vender os caracóis da carapinha de outrora que os conseguiu comprar.

As comissões de festas talvez tenham esperanças de pagar em prestações a maquia cobrada ou, quiçá, não pagar. Sim, por vezes os artistas não cobram nada. Vi isso na Terra do Nunca. Foi o Peter Pan que mo disse na presença da Fada Sininho.

O que eu sei mesmo é que as Festas da vila não se pagam sozinhas. O dinheiro cobrado nos peditórios não chega nem para o Marco Paulo arrotar uns acordes do «Tenho Dois Amores».

E depois há a questão da segurança. A estrutura dos palcos do Faustino, está provado e não restam duvidas, que aguenta. E os nossos ouvidos?...

Bem, deixo-vos com uma sugestão de associação de ideias. Prioridades. Pensem e escrevam todas as que vos surjam a partir de «prioridades». Vão ver que dão melhores políticos que o nosso Jesus e os seus apóstolos.

No que me toca, ficarei por aqui mesmo. Eu sei que já disse que não gosto, mas as festas da minha vila são muito melhores que todas as outras

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